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Title: Práticas tradicionais para prevenção de doenças em crianças de 0 a 5 anos de idade nos distritos de Manhiça e de Kamavota, sul de Moçambique
Authors: Munguambe, Khátia
Correia, Helena António Namurá
Keywords: Práticas tradicionais
Crianças
Prevenção de doenças
Medicina tradicional
Manhiça
Issue Date: 1-Jul-2023
Publisher: Universidade Eduardo Mondlane
Abstract: Em Moçambique, 60% da população recorre à medicina tradicional para solucionar os problemas que, na perspectiva do paciente, a medicina convencional não consegue resolver, em parte devido a baixa cobertura do Sistema Nacional de Saúde, mas também devido a um conjunto de valores culturais, crenças e práticas locais que os membros da população têm em relação a doenças e saúde Este trabalho apresenta dados relacionados com as práticas tradicionais de prevenção de doenças em crianças dos 0 aos 5 anos de idades e factores associados, tendo como caso de estudo os Distritos da Manhiça e KaMavota, Província e Cidade de Maputo, respectivamente Este trabalho é um estudo transversal quantitativo baseado num inquérito aos agregados familiares. Os agregados foram selecionados aleatoriamente com base nas listas fornecidas pelo Centro de Investigação em Saúde de Manhiça e pelos secretários dos bairros (no Distrito de KaMavota)Perfazendo um total de setecentos e quarenta e quatro cuidadores de crianças, dos quais um foi excluído da análise por ter dados incompletos. A idade dos respondentes variou entre 17 e 84 anos de idade, com uma média de 32.5 anos de idade. Ficou demonstrado que 82.6% dos cuidadores usam medicina tradicional para manter suas crianças saudáveis, tendo sido as doenças de infância mais mencionadas a doença da lua (convulsões e vómitos), mencionada por 37.0% dos cuidadores, seguida de Xilala (Fontanela afundada, criança magra e com veias visíveis na cabeça) (18.8%), Mbala ou Disco (mancha vermelha na nuca) (8.3%), Dzedzeze (Malária) (8.2%), Rumbjana (hematúria / urina com sangue) (7.6%), Mukussuane (constipação ⁄ tosse) (6.6%), e Xifuva (asma) (5.5%). As práticas levadas a cabo para prevenir doenças em crianças são Kutsivelela (fumigação usando uma substância chamada baço/gordura de animais como vaca, tubarão leopardo e cobras) (53.2%), banhos com remédios fervidos (36.5%), incisões ou vacinação tradicional (7.9%) e orações (2.5%). Um pouco menos que metade dos cuidadores (42.8%) disse que tinha sido aconselhado pelas suas mães ou sogras para aderir as práticas tradicionais, seguidos dos que o fizeram por iniciativa própria (29.6%) e daqueles que foram aconselhados pelas (as) avó da cuidadora (16.7%) entre outros, mas as decisões finais para a adopção das práticas mencionadas foram tomadas pelos (as) avós paternas das crianças (42.8%); cuidadores pessoalmente (26.4%) e pelos pais da criança (17.1%). Os dados mostram que 85.7% dos cuidadores que administraram remédios tradicionais às suas crianças disse que não conhecia a composição dos remédios, enquanto 14.3% disse que conhecia. A percentagem dos que conhecem a composição dos remédios é maior na Manhiça (24.1%) do que em KaMavota (6.8%), provavelmente porque os cuidadores da Manhiça estão numa área rural e onde a exposição ou familiarização com as fontes dos remédios (plantas, animais) á maior. A maioria dos participantes que administraram remédios tradicionais as suas crianças (70.8%) acredita que elas estão livres de todas as doenças para as quais foram prevenidas através da medicina tradicional, mas 20.9% não comunga da mesma crença, incluindo alguns (7.0%) que não sabem se suas crianças estão protegidas ou não. As cuidadoras que são filhas ou noras ou netas do chefe do agregado têm 2.4 vezes mais chances de aderirem a práticas tradicionais para prevenir doenças nas suas crianças do que aquelas que são chefes ou esposas dos chefes (p = 0.03). Embora com um valor de p acima do limite de significância estatística, o residente na área rural (Manhiça) tem 1, 6 mais chances de aderirem a prática de prevenção tradicional do que aquelas que vivem na zona urbana (KaMavota) (p = 0.07)Em súmula, o presente estudo é inovador, actual e dos primeiros, senão o primeiro, em Moçambique que aborda práticas tradicionais de prevenção de doenças em crianças usando métodos quantitativos. A análise mostra que o grau de parentesco do cuidador com o chefe do agregado e a área de residência constituem os factores mais importantes na adesão de práticas tradicionais.
URI: http://www.repositorio.uem.mz/handle258/1073
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